É Dando que se Recebe?
A ideia de que devemos doar para receber vem sendo alimentada por séculos pela religião que sempre teve a intenção de estimular o desprendimento material das pessoas em prol do enriquecimento da estrutura da própria instituição religiosa. Este padrão de pensamento medieval ainda hoje está presente no inconsciente coletivo da humanidade ocidental e, especialmente em nosso país, através dos dízimos e das campanhas pela caridade. Aliás, não há nenhum problema em nos unirmos para auxiliarmos pessoas necessitadas como uma forma de atenuar o sofrimento humano através de gestos humanitários, desde que seja esta uma iniciativa consciente de ser paliativa, pois, para que haja o fim da miséria humana, o correto é se oferecer campanhas pela educação, orientação e se transmitir a cada um a responsabilidade e, portanto, o poder para a construção de uma nova realidade, ensinando-se, inclusive, a Lei da Atração que atua através dos padrões emocionais de cada um, pois o carente é carmicamente responsável pelo que cria em seu mundo, mesmo que dentro de uma visão social haja desigualdade, contexto de uma sociedade em processo de evolução, o carente atrai para si as dificuldades que ele julga serem de seu merecimento. Oferecer evolução é melhor do que criar dependências. Aquilo de que o outro carece, voltará a carecer, porém quando o ensinamos a gerar por si, o outro se desenvolve e se torna livre. Mas vamos nos ater agora a uma perspectiva metafísica e compreender o que isto gera em termos de Lei da Atração. O problema está na intenção em que se doa. E aí vamos além de qualquer ideia puramente material, compreendendo também a doação em cuidados, trabalho e, até mesmo, a dedicação à fé religiosa, como orações, oferendas, obrigações e rituais. Na verdade, dentro desta mentalidade do tipo ‘é dando que se recebe’, ninguém está se doando de verdade, pois existe a expectativa de que ‘Deus lhe pagará’, lhe recompensará, e isto gera a barganha, o comércio com Deus.
O entendimento comum desta frase estimula ainda mais o egoísmo, inclusive espiritual, onde mesmo aquele que se doa sem aparentemente fazê-lo por vaidade diante dos homens, geralmente o faz por vaidade diante de Deus, esperando alguma forma de recompensa, de bônus espiritual.Assim, você se doa e espera que Deus lhe pague por você ser bom, por agir como um ‘bom samaritano’. É uma postura infantil que espera de Deus uma recompensa por uma boa conduta, gerando uma dependência do reconhecimento de Deus, onde você não se sente merecedor da felicidade simplesmente por ser você, humano e divino ao mesmo tempo. Portanto, dentro das Leis Universais, se você quer atrair prosperidade, felicidade e auto realização, não se doe aos outros para receber, doe para si, se valorize, se ame, se abençoe! Doe-se aos outros se quiser que os outros recebam, por um gesto de amor, por ideal, desejo de contribuir ou senso humanitário e saia distribuindo bênçãos, mas não cobre de um deus externo o que o seu Deus interno não lhe dá porque você não se permite e não se abre para isto!
Enfim, é simples, posso resumir assim: um copo cheio é derramado sobre um copo vazio. O copo cheio esvazia e o vazio enche. Pronto. É isso. O que dá esvazia e o que recebe enche. E é bom lembrar que a oração de onde se origina a frase ‘é dando que se recebe’ não foi proferida por Francisco de Assis, é de autor desconhecido. Mesmo assim é muito bonita, se for compreendida de modo místico profundo, oculto, mas isto ficará para outro momento. Então, doe para si e você receberá, doe aos outros e os outros receberão, sem barganhas, sem comércio com Deus, criando receptividade em si para atrair prosperidade pra si mesmo ou nos outros se a intenção for ajudar que os outros prosperem, mas não se engane e nem se revolte se, ao se doar aos outros, notar que nunca “chega a sua vez” de receber, é você que está agindo errado diante das Leis Cósmicas. Portanto lembre-se, é dando que se dá e é recebendo que se recebe!